sexta-feira, março 21, 2008

PENSAR

Como é que pensamos? Como é que formulamos os nossos pensamentos? Como sabemos que são nossos? Como é que temos consciência do que verdadeiramente pensamos? Questões que muitas vezes assaltam os nossos pensamentos. A tomada de consciência dos nossos pensamentos e a direcção que tomamos derivada desses mesmos é diferente de pessoa para pessoa, no entanto o acto de pensar ele mesmo, per si, é mais ou menos igual para todos. A qualidade dos nossos pensamentos varia muito com a qualidade do diálogo interior que sabemos ou não manter dentro de nós. Esse diálogo que nunca pára, nem mesmo quando estamos a dormir, é o fruto e dá frutos através da forma, como encaramos o nosso interior e o exterior. Quando sabemos manter um diálogo interior satisfatório, a qualidade das percepções que temos acerca de nós mesmos aumenta em termos de positividade e de uma auto imagem mais abonatória. Sendo assim, quando existem essas auto percepções, a nossa forma de encarar os outros e o relacionamento que com elas estabelecemos, também ficam valorizadas. Uma das formas pela qual podemos melhorar esse referido diálogo consiste em realizar leituras constantes e de exercícios de escrita regulares. Porquê? Em primeiro lugar, com leituras regulares, pertinentes, acuradas, podemos aumentar a nossa cultura e os nossos conhecimentos e também podemos ver à nossa frente aquilo que sabemos de antemão comprovado, materializado à nossa frente. Quando sabemos algo, sobre um determinado assunto, fruto das nossas reflexões e experiências, ao ler-mos algo que outra pessoa escreveu sobre esse mesmos assuntos e sistematizou essas mesmas ideias, temos a prova cabal de que aquilo que pensamos é certo, é concreto, também foi pensado e descoberto por outros, conferindo assim uma validação aos nossos pensamentos. Com a escrita, podemos dar forma, materializar os nossos pensamentos, vê-los à nossa frente e assim deixarem de ser abstracções, pensamentos imaterializados da nossa cabeça. Com o acto de escrever, também conseguimos dar vazão e deitar cá para fora o que pensamos, ajudando-nos a clarificar ideias, sistematizar conhecimentos e reflexões, dar lugar a que outros pensamentos possam entra, contribuindo para que o possamos fazer melhor, com mais qualidade, racionalidade e lógica. Tornando os nossos conceitos, juízos, normas, valores, moral, sejam mais preenchidos de informação, com mais referências, com mais significados de valor. Podemos também no próprio acto de pensar melhorar esse mesmo diálogo interior. O nosso pensamento faz-se a uma ou mais vozes. Que ecoam dentro de nós, muitas vezes aquilo que pensamos e a forma como o fazemos, parece vir de uma voz interior, que não controlamos muito bem e a qual ouvimos fazendo dela o nosso pensamento. Outras vezes, o pensamento assume a forma de um diálogo que realmente mantemos dentro de nós a várias vozes, quer seja sob a forma de pensamentos opostos, contraditórios, resultantes do confronto entre o correcto e o incorrecto, quer seja sob a forma de deduções puras, assentes em reflexões interiores, sobre as quais nos apoiamos, para podermos emitir um juízo de valor, uma opinião, etc… Devemos cultivar este diálogo existente dentro de nós, melhorá-lo, para que assim possamos evoluir intelectualmente, espiritualmente e tornar as nossas relações endógenas e exógenas cada vez mais satisfatórias e preenchidas, melhorando-nos e melhorando os outros como pessoas e seres pensantes. Como seres, tendo capacidades que podem cada vez mais ricas, mais abertas, mais vastas, aumentando a nossa compreensão do todo.